31 de julho de 2006

A Consciência de Zeno

Italo Svevo, 1929, Itália

Zeno começa a escrever suas memórias a pedido de seu psicanalista. O objetivo do Doutor S. é fazer com que seu paciente, ao relembrar os fatos importantes de sua vida, traga à tona as causas de suas aflições, de sua doença.

Nessa empreitada, o personagem reflete sobre sua infância, seus pais, sua vida amorosa e profissional, confessando, inclusive, suas pulsões humanas mais profundas, como as de morte e prazer.

Ao tecer suas lembranças de forma tão clara, precisa e detalhada (algo que extrapola a capacidade humana), Zeno nos faz questionar a real capacidade de resgistro que a memória desempenha. Nesse sentido, as lebranças seriam reinvenções; a memória realiza um processo que reconstrói os 'reais' acontecimentos de nossas vidas. Como diz José Nêumanne, “Mais que registro documental, ela [a memória] é um gênero de ficção”.

Uma das mais importantes obras que enfocam o controverso tema da psicanálise, A Consciência de Zeno está entre os melhores livros escritos no século XX.

“Os saudáveis não se analisam a si próprios, sequer se contemplam no espelho. Só os doentes sabemos algo sobre nós mesmos” (p.163).

Nenhum comentário: