19 de agosto de 2005

O Príncipe (não-ficção)

Nicolau Maquiavel, 1513, Itália

Clássico da política, O Príncipe é um tratado sobre a arte do bem-governar. Maquiavel mostra vasta experiência e profundo conhecimento; todas suas idéias, regras e conclusões são colocadas ao lado de fatos históricos que atestam a argumentação.

Quem quiser história encontrará boa fonte sobre grandes estadistas, mas é na psicologia política que está o "pulo do gato" de Maquiavel.

Tipos de principados e seus regimes, tipos de armadas, ética e comportamento de um príncipe, estes são alguns dos temas abordados pelo autor que pretende elaborar um denso projeto que permita a perpetuação do poder de um príncipe.

Cético quanto à natureza humana – “Dos homens, em realidade, pode-se dizer genericamente que eles são ingratos, volúveis, fementidos e dissimulados, fugidios quando há perigo, e cobiçosos” (p.80) – Maquiavel chega a atropelar a ética em alguns (vários) momentos; para ele, os meios justificam o fim: manter-se no poder.

Muitos julgam a obra como modelo imoral de prática do poder (o uso da força é ostensivamente defendido pelo autor que também acredita existir um bom uso para a crueldade), no entanto, seu mérito é expor cruamente a relação do poder com a força (questão fundamental da natureza humana) e o esboço da já mencionada psicologia política.

O Príncipe é um dos marcos inaugurais da literatura política.

O quão louvável é que um príncipe honre a sua palavra e viva de uma forma íntegra, cada qual o compreenderá. Todavia, a experiência nos faz ver que, nestes nossos tempos, os príncipes que mais se destacaram, pouco se preocuparam em honrar as suas promessas; que, além disso, eles souberam, com astúcia, ludibriar a opinião pública; e que, por fim, ainda lograram vantagens sobre aqueles que basearam as suas condutas na lealdade” (p.84).

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