29 de junho de 2005

Os Estabelecidos e os Outsiders (não-ficção)

Norbert Elias & John L. Scotson, 1993, Alemanha - Inglaterra

“Numa pequena cidade da Inglaterra, as tensões são múltiplas entre os habitantes estabelecidos e os forasteiros outsiders, considerados como estrangeiros que não partilham os valores e o modo de vida vigentes. São mantidos à distância no cotidiano, afastados dos locais de decisão, dos clubes e das igrejas. E essa rejeição se perpetua por duas ou três gerações, preservada pelos boatos e pelas fofocas” (contra-capa da edição brasileira, 2000).

Duas comunidades em conflito e um tipo de exclusão social que tem pouco a ver com as tradicionais realidades empíricas do senso comum, sejam elas econômicas ou de comportamento – ambos grupos se enquadram numa mesma “classe econômica”, são compostos por compatriotas e até os níveis de criminalidade das duas regiões são equivalentes. Então, porque um grupo se considera melhor, mais “limpo”, e consegue estigmatizar e construir uma fantasia coletiva que exerce visível coerção social ao considerado grupo “sujo”, dos piores?

Estudando uma pequena comunidade (micro) os pesquisadores pretendem visualizar aspectos gerais do comportamento social (macro). O próprio Elias avalia a exclusão como uma constante universal, daí a importância de uma “Sociologia das Relações de Poder” para que se possa propor um modelo teórico que ajude a explicar como ela (exclusão) se desenvolve nas sociedades.

Os Estabelecidos e Outsiders apresenta um ensaio introdutório no qual o autor alemão consegue amarrar os aspectos principais da investigação, construindo importantes contribuições teóricas para a sociologia. É um texto mais denso, claro e direto; saborosa leitura instrutiva para todos.

Já em seu desenvolvimento, a obra representa uma verdadeira aula de pesquisa, deixando evidente a importância da sensibilidade, intuição e criatividade do investigador para a produção do conhecimento em ciências sociais.

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