19 de fevereiro de 2005

O Leopardo

Giuseppe Tomasi, príncipe de Lampedusa, 1958, Itália

O romance narra a história da decadência da nobreza italiana frente à ascensão da burguesia. Os fatos se desenrolam a partir de maio de 1860, tendo como centro de gravidade o Príncipe Fabrizio e sua família.

Muito bem escrito, o livro possui uma força descritiva que chega a nos transportar para os acontecimentos. Um grande trunfo da obra é a força representativa de seus personagens. Como avalia Ruy Goiaba, eles “conseguem funcionar como símbolos das classes a que pertencem sem deixar de ser redondos, complexos”.

No texto surge uma contumaz crítica às revoluções sociais. Quase sempre realizadas pela elite, pouco subvertem a ordem contra a qual combatem. Um trecho: “E que irá acontecer então? Ora! Negociações ao ritmo de descargas inofensivas. Depois tudo ficará na mesma, embora tudo tenha mudado”. E, mais adiante: “Não há dúvida; tudo ficou como dantes, melhor mesmo”.

Além do contexto histórico e social, O Leopardo não deixa de trazer conflitos psicológicos: paixões reprimidas, luxúria e religiosidade, o confronto com a morte. Ótima leitura!

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