15 de fevereiro de 2005

Admirável Mundo Novo

Aldous Huxley, 1932, Inglaterra

A obra é uma fábula de uma provável sociedade do futuro. Nesse mundo, a tentativa de se acabar com os conflitos, com a dor e a angústia humana produz uma comunidade alienada, que nunca enfrenta a realidade e é incapaz de um pensamento livre.

Nele, as crianças nascem no laboratório, a educação é baseada no condicionamento permanente e para qualquer problema emocional existe o “soma” – a droga da felicidade produzida e distribuída pelo governo. Qualquer semelhança com nossa sociedade não é mera coincidência...

Em “Admirável Mundo Novo” (expressão retirada de A tempestade de Shakespeare – a intertextualidade com o dramaturgo é intensa) as classes sociais são produzidas biologicamente, controladas em castas, qualquer possibilidade de conflito é anulada. Além disso, o comportamento consumista é louvado, é ele que, segundo os governantes, faz a roda do mundo permanecer em movimento.

A recorrência da palavra “pseudo” é um traço marcante do texto; quase nada é natural – desde o pseudo-sangue, para a melhor saúde, ao pseudo-couro-legítimo, para a moda da época. Chega-se assim a uma pseudo-realidade; as experiências vividas são provenientes de um simulacro de sensações, seja no cinema sensível ou nas viagens proporcionadas pelo “soma”. A felicidade permanente deixa o homem numa escravidão perpétua, dominado pelo sistema que ele próprio criou.

Huxley nos presenteia com um grande livro, uma leitura simples, um pensamento questionador. Ele nos faz refletir sobre o nosso futuro, pensar naquilo que queremos para a humanidade e naquilo que fazemos para promover ou subjugar a liberdade humana.

Muitas obras posteriores sofrem influência temática desta narrativa, dentre elas podemos citar: 1984, de Orwell, e os filmes: Alphaville de Godard, Blade Runner de Scott, até o recente Matrix.

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