13 de janeiro de 2005

Ulisses

James Joyce, 1914, Irlanda

Considerado pelos “especialistas” como o romance mais importante do século XX, Ulisses é uma referência de estilo literário contemporâneo. Tomando para si todo o poder da licença poética e liberdade de criação, Joyce constrói uma narrativa totalmente inovadora.

Em Ulisses, não existe a tradicional trama linear. Tampouco um narrador onisciente que guia a leitura e ajuda a tecer o significado dos acontecimentos; o sentido do texto tem de ser alinhavado pelo leitor num forçoso trabalho intelectivo.

Sem vislumbrar limites à sua criatividade, Joyce inova através de uma multiplicidade de vozes narrativas, polvilha incontáveis neologismos no texto, experimenta variados modos de pontuação, mistura tudo com tudo e inaugura a narrativa do (ou seria em?) fluxo de consciência.

O que seria esse fluxo de consciência? Trata-se da fragmentária, irreprimível, perene, enigmática, às vezes inconsciente, outras tantas ininteligível: linguagem do pensamento. O autor buscou, através da literatura, codificar o pensamento humano. Para a arte, foi uma belíssima experiência.

A história, centrada em três personagens principais Leopold Bloom, Molly Bloom e Stephen Dedalus , trava intensa intextextualidade com a Odisséia, de Homero, sendo quase obrigatório o pré-conhecimento desse texto grego, antes de se aventurar no moderno Odisseu.

Do ponto de vista da fruição literária, Ulisses é um texto dificílimo, quase ilegível, se não impossível. Estaria além das capacidades do “leitor comum” (definição na qual me encaixo)? Talvez não tenha sido elaborado para esse tipo de público. Alguns até o consideram um grande engodo! Certamente, há de se reconhecer sua validade como obra revolucionária e inovadora, referência para toda a literatura posterior.

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